O texto é longo, mas é destinado aqueles que querem conhecer um pouco da minha trajetória, até aqui, no mundo do tiro.
Sempre tive muita atração por armas em geral, principalmente armas de fogo. Desde muito cedo tive contato (supervisionado) com armas de fogo. O pai fazia questão de tirar nossa curiosidade. Sempre que limpava uma arma, nos chamava para participar.
Há 12 anos, quando servi no 6º Esquadrão de Cavalaria Mecanizada, em Santa Maria-RS, tive uma oportunidade ímpar de participar de uma prova muito similar ao IPSC (talvez até fosse, mas eu nem sabia da existência do tiro esportivo) juntamente com todos os militares daquela OM que eram habilitados em pistola. Até aquele momento, os únicos disparos de pistola que eu havia dado em toda a minha vida foram durante o curso de formação de cabos do exército (acredito que não mais que 30 disparos – não lembro). Mas, não é que conquistei o 2º lugar (perdi pro comandante do meu pelotão, que ficou em 1º).
Depois, passei a trabalhar auxiliando na sala d’armas. Era o paraíso!
Quando saí do Exército, meu pai e minha mãe estavam iniciando no ramo do comércio de armas de fogo e munições. Sempre que possível, eu ia pra loja para saber as armas que lançavam nos catálogos da Taurus, CBC, Rossi e Boito e, de vez em quando, lia alguma edição da revista Magnum. Era o contato que eu tinha. Ainda conhecia muito pouco desse universo do tiro.
Algum tempo depois, comecei a acompanhar os clientes que compravam as armas nas avaliações de tiro. Daí então, comecei a ter contato com estandes civis e com o universo que envolve o tiro esportivo.
No meu aniversário de 25 anos (idade mínima no Brasil para comprar uma arma de fogo), meu pai me presenteou com uma Pistola Taurus 838 – meus mimos. Presente típico de um pai de família brasileira!
Fiz o requerimento para me tornar atirador esportivo. Comecei a estudar o assunto e praticar o tiro. Sempre que surgia algum curso, eu fazia, e percebia o quanto havia pra eu aprender. Alguns cursos básicos de pistola, outros de IPSC, outros de Recarga e assim por diante.
Eu treinava sempre que possível. Contudo, além de ser um esporte relativamente oneroso, eu e meus irmãos (Lucas e Neto) precisávamos sair de São Sepé sempre que queríamos praticar ou participar de alguma prova.
Foi então que decidimos criar um clube de tiro em São Sepé. Assim, em 2019 o Clube de Tiro Schneider Ltda., saiu do papel (leia-se: burocracia), e o inauguramos em São Sepé.
Meu irmãos já eram instrutores formados e eu atuava como monitor, supervisionando para que as atividades ocorressem sempre de maneira segura. Mas, além disso, sempre me permitia compartilhar o pouco conhecimento que tinha com quem estava iniciando. E passei a gostar muito disso.
Foi aí que decidir fazer o curso de instrutor de armamento e tiro (IAT). Durante o curso tomei um choque com o quanto eu ainda ignorava sobre o tema.
Concluí o curso com uma bagagem impressionante, e com muita vontade de passar esse conhecimento adiante.
Algum tempo depois, o meu colega IAT, Robel, comentou sobre uma pós-graduação em balística forense e de combate. Só com professores F*das. Com aulas práticas em estande de tiro. Eu, ele e o Lucas (meu irmão) nos inscrevemos no curso.
Novamente tive um choque. O conteúdo que vi durante o curso de formação de instrutor, que eu considerava amplo, é apenas um resumo do que se há pra aprender no mundo do tiro. O curso é fantástico. Já fiz outras três pós-graduações na área do Direito, mas essa é com certeza muito destacada.
Em novembro de 2021, participei do processo seletivo para credenciamento na Polícia Federal (para poder aplicar provas para quem deseja comprar uma arma, tirar porte, requerer seu CR, etc). Um dos – senão o –, processos seletivos mais difíceis que já participei.
O processo de credenciamento de IAT é composto de 5 etapas:
1ª – prova objetiva (e a mais difícil delas): só nessa primeira fase, 84% dos instrutores inscritos reprovaram. Gente muito experiente e com muito conhecimento não conseguiu atingir os 70% da prova.
2ª – prova de tiro: etapa mais tranquila, pois conhecia a prova e pude treinar bastante;
3ª – desmontagem e montagem de espingarda pump (1min30seg para desmontar e o mesmo tempo para montar), revólver (2min para cada etapa) e pistola (1min30seg para cada etapa); Foi mais difícil que pensei, o nervosismo dobrou o tempo que eu fazia no treino (ainda bem que treinei).
4ª – Prova oral: Gabaritei essa. A profissão de advogado me ajudou bastante kkkk.
5ª – Prova de comandos: Por último, tínhamos que aplicar alguma prova (sorteada na gora) para um Policial Federal, que se passava por um aluno ou candidato à avaliação de tiro. Graças à minha experiência como monitor, foi tranquila também.
Da 2ª até a 5ª etapa, mais 2% dos inscritos acabaram reprovando.
Assim, eu e o Robel, que também se inscreveu, conseguimos ficar entre os 14% dos aprovados, iniciando uma nova fase nessa profissão.
Com a aplicação das avaliações, principalmente quando se trata da prova para o porte de arma de fogo (bem mais difícil que a prova para aquisição), comecei a perceber o quanto as pessoas têm dificuldades no manejo do armamento e na execução dos disparos.
Os cursos que eu e meus irmão ministramos no Clube de Tiro Schneider tem, no máximo, 3 ou 4 alunos por instrutor, para que seja possível dar uma boa atenção a todos.
Foi aí então que resolvi desenvolver uma modalidade de instrução um pouco diferente, com foco não nos temas em si, mas sim nas dificuldades apresentadas pelo aluno. E tem dado muito certo, pois é possível dar mais atenção a um aluno individualmente do que a vários em um curso.
Não sou um esportista nato ou atleta do tiro. Gosto de participar das provas, dos treinamentos esportivos, mas meu foco sempre foi o treinamento do tiro defensivo e o ensino do tiro. Minha precisão é muito maior em observar as características de um atirador, do que nos meus próprios disparos.
Minha caminhada ainda é muito longa. Mas cada novo passo é mais prazeroso que o anterior e ainda há muito o que aprender.